Escrita Criativa Intermediária
Textos produzidos pelos alunos do curso de Escrita Criativa, ministrado pela professora Noemi Jaffe, na Casa do Saber.
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Des(culpa), por Gica Trierweiler Yabu.
Eu não sou um bom lugar, mas faltou paciência para explicar isso a ela. Aqueles olhinhos meigos brilhariam e ela diria que eu sou o melhor do mundo por uma série de motivos rasos. Eu tentaria dissuadi-la, ela me interromperia com seus beijos açucarados e logo estaríamos os dois sem roupa: eu, culpado, ela satisfeita. Eu poderia dizer que nos últimos três meses de namoro tinha feito mais sexo que ela, mas faltou indelicadeza para tocar no assunto. Aqueles olhinhos meigos despencariam, mas, cinco minutos depois quase naufragada em lágrimas, ela me perdoaria. Eu, esse ser que já não acredita muito em romance com espírito escolar, aproveitei uma falha do pequeno guaxinim para passar a régua na relação fadada ao silêncio. Um dia ela atravessou a rua sem olhar para os lados e peguei carona na deixa dessa falha. Foi ali mesmo, plantado na calçada, com a culpa, bendita culpa, me mordendo o calcanhar. Tchau, pequena. Um dia você cresce e vê que eu não sou um bom lugar.
Amanheceu, por Gica Trierweiler Yabu.
Bem feito: acordei primeiro. O sol vinha vindo e eu já esperava atrás da porta: surpresa. Raios multicoloridos tocaram a campainha e, bem feito, não me acordaram porque eu já estava lá. Acho que de agora em diante vou fazer isso pra sempre e nunca mais um nascer do sol vai me apanhar de sopetão. Nunca mais é pesado porque é pro resto da vida e não dá pra voltar atrás do nunca mais nunca mais, eu sei, mas tudo bem. Agora que já se espreguiçou, o sol ficou ali pendurado no céu, lustre grande e redondo sem botão de liga e desliga. Lustre custa caro, pode perguntar pra qualquer um, ainda mais se tiver cristal. Nesse caso não tem: é só o sol, mesmo.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
A Esfinge do Saber, por Sylvia Beatrix.
Uma vez aqui não há mais saída. De aula em aula, frases, textos e palavras monitoradas pelo relógio e apresentadas por ela e absorvidas por todos. Ao final, temos à nossa frente um caminho a escolher. Caminhos são escolhas e cada escolha significa que estamos descartando algo. A obviedade nunca está lá presente, só nesta última frase. O que fazer? O que fazer? O que fazer!!!??? Só há uma entrada e uma saída para possibilidades diversas de caminhos a serem percorridos. Porém, um único poderá levá-lo ao êxito.
Poesia fica de fora, o que vale é a prosa. Prosa, é aquele jeito gostoso de falar, ao pé do fogão com café feito na hora, sendo acompanhado de pão de queijo. Coisa de mineiro, baiano, gaúcho ou, prá ser mais simples, coisa de brasileiro. Jeito de contar história, falar de amor, de ódio ou de quando nada está acontecendo. Isso também vale – e rende muito assunto, prosa prá mais de metro!
O complicômetro surge quando, no meu caso, sendo mulher e cheia de botões mentais, fico sem conseguir me decidir qual deles apertar, qual caminho seguir e por onde andar. É uma mistura de Minotauro com Esfinge – se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.
A única certeza, é que uma vez aqui não há mais saída.
Poesia fica de fora, o que vale é a prosa. Prosa, é aquele jeito gostoso de falar, ao pé do fogão com café feito na hora, sendo acompanhado de pão de queijo. Coisa de mineiro, baiano, gaúcho ou, prá ser mais simples, coisa de brasileiro. Jeito de contar história, falar de amor, de ódio ou de quando nada está acontecendo. Isso também vale – e rende muito assunto, prosa prá mais de metro!
O complicômetro surge quando, no meu caso, sendo mulher e cheia de botões mentais, fico sem conseguir me decidir qual deles apertar, qual caminho seguir e por onde andar. É uma mistura de Minotauro com Esfinge – se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.
A única certeza, é que uma vez aqui não há mais saída.
Blog da Gigi - Último post, por Marilei Zanini
Pôr-do-sol: quantas dimensões no labirinto? |
Dúvidas de Labirinto, por Isabela Quintella.
Descarto lugares onde exista o fracasso dos iguais.
O imperfeito eu não quero,mas será que extrair a miséria feia é tirar da luz a
escuridão? Não sei. E os deuses de que lado ficam? Pergunto com os dedos
aos meridianos e paralelos, rede que nos separa do infinito, se encontrarei
respostas na esfera que gira. Na varanda a tulipa vira o amarelo da noite
negra.
A flor amarela e efêmera se iguala a mim em existência, mas quem lida
melhor com o tempo ela ou eu?Pensamentos distantes a tornam uma gota
âmbar para a visão“-Vê,Jeová como me tornei desprezível”,a frase sai do
livro que esta na cabeceira e cai na boca da flor.Desprezível ?É assim que a
tulipa amarela se comporta quando põe no lugar do espelho o relógio.E eu
como reagirei ao tempo?E os Deuses de que lado ficarão ...Do meu ou dos
séculos?
Sem roteiro a pergunta adentra vagarosamente a brancura da alma,alvejando,
embranquecendo, via Láctea e a dúvida em nanquim se espalha em meia noite
interpretando a perplexidade.
O imperfeito eu não quero,mas será que extrair a miséria feia é tirar da luz a
escuridão? Não sei. E os deuses de que lado ficam? Pergunto com os dedos
aos meridianos e paralelos, rede que nos separa do infinito, se encontrarei
respostas na esfera que gira. Na varanda a tulipa vira o amarelo da noite
negra.
A flor amarela e efêmera se iguala a mim em existência, mas quem lida
melhor com o tempo ela ou eu?Pensamentos distantes a tornam uma gota
âmbar para a visão“-Vê,Jeová como me tornei desprezível”,a frase sai do
livro que esta na cabeceira e cai na boca da flor.Desprezível ?É assim que a
tulipa amarela se comporta quando põe no lugar do espelho o relógio.E eu
como reagirei ao tempo?E os Deuses de que lado ficarão ...Do meu ou dos
séculos?
Sem roteiro a pergunta adentra vagarosamente a brancura da alma,alvejando,
embranquecendo, via Láctea e a dúvida em nanquim se espalha em meia noite
interpretando a perplexidade.
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