terça-feira, 12 de abril de 2011

Labirinto – O Último Ano em Marienbad, por Eva Lazar.

quartos quietos,
onde os passos afundam...
em tapetes tão espessos, tão pesados...
que nenhum som encontra ouvido,
como se o próprio ouvido ao mover estivesse se entremeando
novamente nos longos corredores,
percorrendo esses salões e galerias,
neste edifício de uma era que era...
molduras esculpidas, fileiras de batentes,
galerias, mais corredores paralelos,
que por sua vez conduzem a salões vazios
carregados com a ornamentação de uma era que era,
quartos quietos,
onde os passos afundam
em tapetes tão espessos, tão pesados,
que nenhum som encontra um ouvido,
como se o mesmo ouvido...
... lajes
sobre as quais mais uma vez caminhei,
nos longos corredores,
percorrendo esses salões e galerias,
neste edifício de uma era que era,
se alastrando, suntuoso, sinuoso, sombrio hotel,
onde um corredor infinito se encaixa em outro,
silenciosos e desertos,
pesados com madeiras entalhadas e enregeladas,
estuque, painéis de gesso sinuosos,
mármore, espelhos negros,
fotos escuras de gente, colunas,
molduras esculpidos, fileiras de batentes,
galerias, mais corredores paralelos,
que por sua vez conduzem a salões vazios,
salões vazios carregados com a ornamentação de uma era que era...
... fotos escuras de gente, colunas,
molduras esculpidos, fileiras de batentes,
galerias, corredores paralelos,
que por sua vez carregam a salões vazios
salões pesados carregados com a ornamentação de uma era que era...
salões quietos onde os passos afundam
por tapetes tão espessos, tão pesados,
que nenhum som encontra ouvido,
como se o ouvido estivesse muito longe,
longe do chão, do tapete,
longe deste cenário pesado e vazio,
longe desta frisa complicada
correndo bem rente ao teto,
com seus galhos e guirlandas,
como folhas antigas,
como se o chão ainda fosse areia ou cascalho
ou então lajes,
sobre as quais eu andei novamente
como se fosse na sua procura,
entre estas paredes recobertas de tramas de madeira,
estuque, painéis de gesso sinuosos, pinturas,
impressos emoldurados pelos quais passei,
entre as quais mesmo naquele momento
eu estava esperando por você,
longe deste cenário no qual agora me encontro
parado frente a você,
esperando pelo homem
que não virá agora,
que provavelmente não virá agora
para nos separar mais uma vez,
para te rasgar de mim.
Você virá?

labirinto from eval on Vimeo.

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